quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Cretinisse da virada

Olha, se o sujeito tiver um certo grau de intimidade, eu até tolero uma conversinha inútil, mas qdo não tem, eu fico puto.

Hj, dia 31 de dezembro, o sujeito vira pra mim e solta "Depois de hoje você só vai trabalhar no ano que vem, né?".

Isso me choca. O Sujeito aguardou 365 dias p/ fazer esta piadinha ridícula! É muita inutilidade! Pq o sujeito não utiliza toda essa perseverança pra algo útil? Pq ao invés d'ele ficar bolando esta piadinha durante o ano todo, não pensou num modo de melhorar o destino do lixo que ele produz?

Acho que em 2009 vou bolar a bolha da plenitude. Vou construir uma bolha a prova de ruídos e ficarei lá dentro protegido das imbecilidades vomitadas pelo exército de retardados que querem me infartar.

Feliz Ano Novo!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Colecionando rancor

Nunca reclamo das coisas que me incomodam nas outras pessoas, mas também não esqueço. Isso é bom pra me relacionar com pessoas com quem não tenho convivência, em compensação, vai tornando-se desgastante a convivência com pessoas presentes no dia a dia.

Quando alguém age como um retardado, fala uma grande bobagem, faço de conta que não escutei, mas fico fulo da vida. Acho que se na hora chamasse a pessoa de idiota e mandasse largar de ser ignorante, talvez mudaria meu sentimento por elas. Mas sou medroso e reprimido, jamais seria mal-educado com alguém, exceto comigo mesmo.

Tem uma pessoa com quem convivo que faz perguntas cretinas com respostas óbvias, nunca reclamei das imbecilidades da mesma, mas envelheço 10 anos que cada vez que a vejo falar ou fazer uma merda.

Por isso é que eu digo, essas crianças mal educadas, estúpidas, serão líderes no futuro. Crianças como eu fui, muito educadinhas, muito queridinhas pela 3a. idade da família, não passarão de adultos fracassados como eu sou.

Tô atingindo um ponto de insatisfação com as pessoas perto da loucura. É como uma panela de pressão, qualquer hora me explodirei e descarregarei todo meu ódio - de maneira injusta, obviamente - de uma vida inteira em cima de uma só pessoa.

Mas enfim, nem tenho moral pra reclamar de ninguém nem de nada, uma vez que sou a representação do que há de maior em desqualificação em forma de carne e osso.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Suicídio

Macho que é macho usa faca na jugular ou azeitona quente na cabeça, não 15 comprimidos de laxante. :-D


Autor da tirinha: www.vidabesta.com

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Pessimismo, uma arma contra o desgosto.


Eu tenho uma técnica de proteção contra os desgostos que é batata: PESSIMISMO!

Viver com um pessimismo dosado é saudável. Não importa quão ruim seja a ação de uma pessoa para comigo, isso dificilmente me atingirá porque eu sempre espero coisa pior.

É mais ou menos assim: imagine que você é um atleta e entra numa competição já ciente de que será o último a chegar, mas irá tentar ser o melhor que você pode sem anunciar.
No fim da competição você fica na terceira colocação. O resultado foi ótimo. Você surpreende a todos, inclusive você e diminui as chances de ser tachado como fracassado.

Esse otimismo gratuito que as pessoas utilizam dizendo que são as melhores é uma atitude retardada. A probabilidade de não atingir seus objetivos é enorme e isso pode lhe trazer incredibilidade perante os espectadores. O famoso "cachorro que late não morde".

Repare nos casais de namorados/noivos/casados.
A garota fica com um maconheiro que não gosta de trabalhar e imagina que o amor deles será tão lindo que isso mudará, no sonho dela, o rapaz será um trabalhador, um pai dedicado que levará seus filhos para ler livros deixo de uma sombra no parque Flamboyant. Coitada, não sabe que com o tempo, as características se aguçam, qdo namorado era um maconheiro preguiçoso, como marido será um velho porco, alcoólatra e 4 vezes mais preguiçoso.
O rapaz namora uma guria preguiçosa, mal-arrumada, gorda e incapaz e imagina que o amor deles será tão lindo que isso mudará, no sonho dele, a guria será uma bela mulher que veste roupas de executiva, mantém-se altamente bem arrumada, magra, que faça cursos de enologia e que seja uma mãe de puro esmero para seus filhos. Coitado, essa Amélia que ele imaginou é na verdade uma bruxa gorda e fofoqueira. A namoradinha meio mal-arrumada e gordinha, tornará-se uma esposa barriguda, cheia de varizes e completamente omissa na criação dos filhos.
Este casal sonhador serão perfeitos procriadores de potenciais cidadãos inúteis com seus 12 filhos num belíssimo planejamento familiar.

Eu nunca imaginei comprar uma casa, sempre achei que isso seria simplesmente impossível para um cara como eu e no entanto, consegui comprar uma. Infelizmente a casa ainda não está paga e tenho certeza ABSOLUTA que não conseguirei pagá-la, portanto, não conto com este bem que num futuro próximo o banco ou a construtora o tomará de mim.

Queridos, aprendam também esta técnica, esperem sempre o pior das coisas, das pessoas e das situações, assim, o que vier de menos ruim, é lucro.

sábado, 11 de outubro de 2008

Desperdiçando a Vida Adoidado


Ontem, sexta-feira, a cidade estava lotada de jovens, os bares não tinham mesas pra tanta gente cheias de energias e dispostas a conhecer pessoas, trocar idéias e praticar a mais pura diversão. Enquanto a cidade borbulhava em jovialidade, eu e minha barriga gorda dormíamos e roncávamos como porcos num quarto tão bagunçado quanto minha própria vida.

Hoje é sábado e a cidade é pura música, cerveja e curtição, as pessoas respiram alegria num dia de sábado, elas se encontram, brindam e fazem o que é o objetivo da vida: ser feliz.

Eu, jovem, com emprego, tempo e muita saúde, desperdiço minhas sextas, sábados, domingos... Troquei uma vida regada a cerveja e diversão por meia dúzia de prestações que muito provavelmente pagarei pelo resto da vida a troco de muito pouco ou talvez nada de benefícios.

O conceito de vida de um Hippie pode ser o jeito certo de viver.

Lá vou eu, com um fardo lotado de prestações e obrigações, enquanto meu álbum de viagens continua vazio e minha lista de contatos tão pequena quanto meu pênis.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Novo Vectra



Um leigo diz: é um Vectra!

Um europeu diz: é um Astra!

Um mecânico diz: é um Monza!

Um frentista diz: já, de novo?


Autor desconhecido

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Ajude um virgem

Isso mesmo, vamos ajudar este nobre rapaz perder a virgindade com sua amiga gostosa. (Por que eu nunca tive uma amiga dessas?)


Se o cara conseguir 5 milhões de visitas a garota vai liberar a perseguida pra ele, mas se as visitas atingirem 10 milhões, ela libera a porta dos fundos fácil fácil.

Taí o site: http://www.ajudeumvirgem.com/

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Meio inútil.

Eu sou aquele tipo de gente que não cheira, nem fede. Acho que já disse isso por aqui. As vezes, quando estou em um determinado local, fico tentando me ver de um ponto alto que dê uma visão geral de onde estou e as pessoas que me cercam.

Outro dia, em uma festa, lá estava eu, com um copo de cerveja na mão swingando de leve. Fiquei ali por horas, ninguém me notava, ora ou outra passava um e me dava um tapinha nas costas. Até que não me importo, gosto de apreciar as pessoas, mas me irrita pensar sobre minha inutilidade perante à ascendência da humanidade. É como se eu não contribuísse para que o mundo evolua. Mas enfim, eu, ali, na festinha, fui convidado pra dançar (isso aconteceu por pura falta de homens no recinto), dancei com umas 3 mulheres e todas foram categóricas: -Você é péssimo. Este sou eu colocando em prática tudo que não sei na teoria. Aplicando a técnica de me assistir por cima, diante da cena eu penso: olha o tamanho deste ridículo.

Eu não sei dançar, não sei cantarolar, quem dirá cantar!
Não consigo tocar absolutamente nenhum instrumento, nem mesmo aqueles estúpidos instrumentos de percussão onde só é necessário sacudir o braço.
Apesar de andar bastante de bicicleta, nunca consegui, nem por um dia, ser bom.
Por mais que eu tente, não consigo cozinhar. Não consigo fazer nem mesmo um miojo especial.
Passei minha vida escrevendo nas últimas páginas dos meus cadernos e nunca consegui redigir um texto agradável.
Não sei argumentar, acho que por isso me esquivo de todo e qualquer bate boca. Qualquer analfabeto ganha de mim numa discussão.
Mesmo sendo um estúpido comedor (no sentido de colocar a comida pra dentro da barriga, ÓBVIO), mal consigo distinguir o sabor entre uma feijoada e uma bacalhoada.
Tive poucas mulheres e, com toda certeza, não as fiz satisfeitas.
Não tenho pênis avantajado, não tenho corpo bonito, não sou bom de cama e jamais serei escolhido como amante. Aliás, se alguém com coragem casar-se comigo, esta não terá, jamais, problemas com a concorrência, em compensação, conviverás com o fracasso em (má)forma física.

Ah... o fracasso! Este eterno capacho!

Eu não conheço história do brasil, muito menos história do mundo. Não conheço os conceitos básicos da matemática, não entendo política, não sei discutir sobre economia, não sei o que é centro-avante, não sei o nome do goleiro da seleção brasileira, aliás, não sei o nome de ninguém, exceto o Ronaldo, um jogador dentuço que se relacionou com um travesti. Não tenho noções geográficas, não sei ler mapas, não sei operar caixa automático, não consigo planejar rotas, não sei trabalhar com madeiras, não consigo pintar nem uma parede com cal.
Não sei ensinar, não sei explicar, não sei por onde começar, mas sei escutar, pena não conseguir entender nada do que escuto.
Não tenho noções de direito civil, penal ou trabalhista. Tenho dificuldades pra calcular o troco. Mesmo na frente de um computador por mais de 12 horas por dia, não sei montar uma rede, não sei remover vírus ou configurar banco de dados.
Não sei falar inglês nem espanhol e falo muito mal o português.

Como é pequeno o oceano perto da minha gigantesca inutilidade.

A grande verdade



Créditos:
Tirinha retirada do Blog MAD, feita por Linha do Trem. :)

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Da série: Não fique bêbado perto de pessoas cruéis.

Contam que tropecei e aproveitando que já estava no chão, dormi.

Mas conhecendo-me como me conheço, deitar no chão foi uma atitude planejada. Provavelmente deitei para uma ligeira descansadinha e fui cruelmente sacaneado.

Mas enfim, as vezes a gente exagera.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

As fases do amor.

1° fase:
O sexo está acima de tudo. Ela, sempre de saia, vestido ou uma calça de malha bem larguinha. Sempre que possível, sem calcinha. Ele usa calças de elásticos e cuecas folgadas. Não se pode perder uma só oportunidade de copular. Banheiro do shopping, ônibus de viagem, escuridão da rave, escadas e elevadores, qualquer lugar é um ninho do sexo. Dentro do carro, no estacionamento, na loja de departamento, no clube, na pracinha do bairro, no jardim da casa do amigo... Salve a fenda quente e molhada!

Em casa: os pais saem do campo de visão, ele descobre sua base e ela senta. Desenvolvem uma sagacidade que só o desejo endoidante é capaz de ensinar.

Viagem: o casal pode ir p/ o lugar mais belo do planeta, mas 70% do tempo ficam dentro do quarto exaustando seus corpos carregados de hormônios.

No motel: 3 horas nunca é suficiente! Se não há um despertador pra avisar o fim do período, na hora de acertar, a conta é salgada.

Ao telefone:
- Oi amor!
- Oi benzinho!
- Nossa, hj o dia foi super legal!
- Hum... Então me conte!
- Fulana foi blá blá blá blá
... (1 hora depois)
- Que legal!
- E tem mais, blá blá blá blá
... (2 horas depois0
- Então tchau, depois a gente se fala mais.
- Você desliga primeiro.
- Não você!
- Ah... voce!
... (2:30 horas depois)
Clack! (telefone no gancho)

Na balada:
- Vamos no boteco do Birosca hoje?
- Vamos!
- Te pego às 21:00hs
Às 20:45 já estão prontos. Às 5 da manhã eles bebem, dançam, cantam e se beijam como se tivesse passado apenas 30 minutos. Às 6 da manhã o Birosca quer fechar o bar e convida o caloroso casal a encerrar a conta. Assim, ardentes, eles passam no motel antes de voltarem pra casa.


2° fase:
O sexo ainda é legal, mas nota-se que eles conversam mais, já conhecem muito bem um ao outro e começam a pensar como um só. Fazem planos juntos, com a certeza de um amor tão firme quanto as bases da ponte Golden Gate. Vão juntos as festas de família e um tece as qualidades do outro nas rodinhas de conversa. Até arrisco a dizer que, esta é a melhor fase p/ falar de casamento. É o mais harmônico momento do casal. Pra ele, ela faz a Angeline Jolie parecer só mais uma na multidão, pra ela, ele é o Bread Pitt! Eles até fazem sexo no carro, mas preferem gastar pouco mais e seguir para o motel. Ela veste um tubinho preto e ele terno ou blazer.

Em casa: eles fazem fondue de queijo e pra acompanhar, um frisante. Locam um filme de comédia romântica e fazem sexo depois que os pais vão dormir

Viagem: o casal acorda bem cedo pra fazer um sexo longo, tomam banho juntos e saem pra passear. A noite, chegam cansados, fazem um sexo médio e dormem de conchinha.

No motel: nessa fase eles conseguem ter atenção para outras coisas que não sejam seus próprios corpos. Colocam uma música, ligam o ar-condicionado, tomam alguma coisa, brincam c/ a bebida e ocupam-se c/ seus órgãos, mãos e bocas por umas 2 horas e o tempo restante eles pedem um jantar e conversam sobre quão gostoso é o relacionamento.

Ao telefone:
- Oi amor!
- Oi benzinho!
- Como passou de ontem?
- Bem! Apenas um pouco de dor nas costas.
- Tome um analgésico blá blá blá blá
... (15 minutos depois)
- Então tchau, depois a gente se fala mais.
- Ok Amor! Beijo! Te amo!
- Tambem te amo!
- Tchau!
Clack! (telefone no gancho)

Na balada:
- Vamos no boteco do Birosca hoje?
- Ah! Lá é meio bagunçado. Fede cigarro e o banheiro tem urina no lavatório.
- Então vamos no restaurante Garça Dourada?
- É, podemos ir!
- Te pego às 20:00hs
Às 20:00 o rapaz está pronto, mas a garota ainda está terminando de se vestir. Ele aguarda com tranqüilidade pensando com um sorriso no rosto: "essas mulheres!". Às 20:30 a garota está pronta, eles se olhos e se elogiam e saem. Ela pede vinho, ele pede cerveja e ambos pedem filé de salmão com acompanhamentos. Terminam o jantar e ficam conversando de mãos dadas. Às 22:30 pedem a conta e vão de mãos dadas até o carro. Ele sugere um sexo rápido no carro, mas ela o convence de que pode ser perigoso e acabam indo pra casa.

3° fase:
Fazer sexo é preciso! ...pelo menos 1 vez por mês. O casal não tem muito assunto, acho que gastaram todo seus estoque de palavas na fase anterior. Eles passam a evitar festas de família. Os familiares cobram casamento e outras coisas desagradáveis. Nas rodinhas familiares eles reclamam um do outro. O casal está em crise, não conseguem entender porque a as coisas não estão tão felizes quanto antigamente. Nesta fase, a palavra casamento pode ser desastrosa, portanto eles evitam pronunciá-la. O tempo deixa marcas, aqueles corpos lisos e rijos dão lugar a flacidez e perebinhas. Para ela, ele parece um Dedé Santana, mas é honesto e trabalhador. Para ele, ela é uma excelente mãe, pena que ainda não teve filhos. Agora, carro pra eles, é apenas meio de transporte. Quando decidem ir no motel, olham o Google Maps porque já esqueceram o caminho. Ele veste o que achar mais fácil de pegar no guarda-roupas. Ela veste calça jeans bem apertada, por baixo uma calça de lycra bem dura que mais parece um cárcere de fendas e uma calcinha pra dar a tampada final. Ele nunca mais conseguiu colocar a mão por baixo das roupas dela. Agora a fenda quente e molhada está num presídio de segurança máxima. A ferramenta dele está sempre disponível com as cuecas relaxadas, mas ela não tem a mínima vontade de tocá-la.

Em casa: evitam ao máximo de ir um na casa do outro e quando vão querem voltar cedo. "Estou muito cansado(a)."

Viagem: qualquer lugar com menos de 5mil habitantes. Ele acorda cedo e vai pra padaria, vê um casal de namorados beijando de língua e comenta c/ o padeiro: "Já fui bom assim." Ela dorme até meio dia, acorda, almoça e dorme novamente.

No motel: 5 vezes! ...por ano. Eles chegam, tiram a roupa transam em 10 minutos. Ela dorme. Ele liga a tv num canal pornô e se masturba, depois q ejacula procura o canal do noticiário.

Ao telefone:
- Oi.
- Olá.
- Tudo blz?
- Normal.
- Então tá bom, boa noite.
- Inté!
Clack! (telefone no gancho)

Na balada:
- Quer sair hoje?
- Sei lá.
- O bar do Birosca...
- NEM PENSAR!
- Uma pizza?
- Então tá.
- Te pego quando sair do trabalho.
Escolhem a pizzaria mais barata, pedem a pizza mais barata e mais cheia de recheio. Pra acompanhar uma coca de 1litro. Comem em 15 minutos e vão embora. 20:00 estão cada um em sua casa.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Insônia

Deito mais cedo, leio alguma coisa com a luz amarela acesa para cansar meus olhos.
O sono vem e não fica muito tempo.
Uma hora da manhã, estou tão acordado quanto nas horas que antecediam minhas viagens para a praia na minha infância.

A madrugada silenciosa dá boas vindas à minha angústia, remôo todas desconfortantes situações pelas quais passei de quando nasci até o momento em que me deitei na cama pra dormir na noite anterior.

Quando criança, nas noites de insônia, passava horas me imaginando fazendo coisas impossíveis e deliciosas. No infinito da minha imaginação, corria de formula 1, pilotava um Porsche 911 amarelo pelas pistas de Nurburgring e sentia o frio na barriga em cada mergulho da freada antes da curva, saltava os altos obstáculos da pista de motocross c/ a minha Agrale 27.5 imaginária, beijei praticamente todas as minhas belas colegas de escola, em cada faixa de imaginação eu fui fiel a uma só garota, assim, viajei e beijei uma de cada vez, pena que elas nunca provaram o gosto da minha dedicação e fidelidade que durou até o início da adolescência, quando passei a imaginá-las todas juntas e sem roupa :)

Sempre senti uma ligeira depressão pós-imaginação, parece que imaginar todas as coisas impossíveis e deliciosas me fazia sentir pequeno quando voltava ao mundo real, mas isso nunca chegou a ser um amargo insuportável como as frustrações de hoje.

Não posso dizer que o azar foi uma companhia 100% implacável, por vezes consegui atingir o pico no gráfico da felicidade, mas meu estilo de vida não permite variações no gráfico, pouca coisa muda e se o meu gráfico entre alegrias e tristezas fosse um monitor cardíaco, monitoraria um coração que parou de bater.

Hoje, nas minhas noites de insônia, a imaginação já não é tão incisiva e deixa um vazio mental para as lembranças tortuosas ficarem à vontade. São as situações mal resolvidas que mais me açoitam, eu levo todos os rancores, mágoas e frustrações junto comigo.

Aqui vai um corpo sobrecarregado de aflições e incertezas.

São duas da manhã e essa tristeza que não passa faz andar a curtos passos o meu relógio no criado mudo que as vezes parece querer me dizer alguma coisa.

sábado, 22 de março de 2008

A TV que une...

... os retardados.

Televisão é um objeto bacana, mas se você fizer uma rápida análise, verá que é 70% inútil, 20% entretenimento e 10% utilidade (talvez menos).

Já ouviu o ditado que diz: "Muito ajuda quem não atrapalha" ? Pois é, eu poderia dizer isso sobre a TV, mas se ela é posta em locais públicos ou sociais tais como restaurantes, bares e salas de estar, atrapalha mais do que alguém comendo de boca aberta na mesma mesa que você. Aliás, as pessoas tem o péssimo hábito de colocar televisão em sala de estar e isso é no mínimo medíocre, pobre e atrasado.

Sábado passado, eu e a patroa fomos visitar um casal de amigos, lá chegando fui preparar uma das minhas maravilhosas iguarias alimentícias, modéstia a parte, sou praticamente um Cheff. Chegamos na casa, entramos pela sala e lá estava ela, a máquina da inconveniência ligadassa numa programação ultra-agradável a este ser que vos escreve: novela!

Após os cumprimentos, fui p/ a cozinha preparar a iguaria, para tanto, pedi ao anfitrião que me servisse uma cerveja, ele, prestativo e afobado, encheu um copo para mim e outro para ele. Pronto! Munido de um copo de cerveja me sinto animado a cozinhar até para um batalhão. Começo meus trabalhos e vou bebericando o gélido suco de cevada, o líquido dos poetas. Nesse tempo percebo que o copo do anfitrião continuava ali, intacto, já com aparência de quente. Fui verificar a ausência das pessoas e vejo que estão todas na frente do computador vendo um vídeo super-legal não sei do quê.

Penso: noite de sábado, cerva no freezer e um grupo de amigos de frente o computador vendo vídeos legais? Não há nada mais nerd! Bom, ficarei calado, porque do contrário, eu serei o anti-social da noite.

Volto para a cozinha e continuo animadíssimo com as panelas e meu chistoso copo de cerveja. Mexe panela, abaixa o fogo, pica tomate, pica cebola... e ninguém aparece. Resolvo enfim, alertar o pessoal de que se trata de um sábado a noite, momento de socialização: "Ei, estou bebendo sozinho aqui!". Em vão, não aparece ninguém.

O rango ficou pronto, sirvo a mesa que está localizada na sala de estar, de frente a porcaria da televisão: "Pessoal, está pronto!" A trupe aparece. Sento de costas pra TV e penso: "Pronto! Com todo mundo na mesa, agora é só comer, beber e conversar, essa noite não tem fim!"

Ledo engano! Começo a conversar com o anfitrião sobre financiamentos de carros e percebo que em nenhum momento ele presta atenção no que eu digo. Ele me responde "ahan" sempre que lhe digo algo. O sujeito está petrificado assistindo NOVELA. Calo a boca.

Diante do meu incômodo silêncio os anfitriões me perguntam algo, no melhor estilo "puxando conversa", quando vou responder, minha patroa me pede que eu fique calado porque ela quer escutar o diálogo do Pedro (da dupla Pedro e Bino) com a Flávia Alessanda. Na verdade esse sutil pedido de "cale esta boca" veio a calhar aos anfitriões que estavam LOUCOS pra escutarem também as palavras do Pedro. Eu gostava mais deste sujeito na época do carga pesada, porém, naquela época, nunca deixei de brincar com os meus amigos pra assistí-lo.

Bom, se não pode vencê-los, junte-se a eles. Fiquei concentrado exercitando minhas papilas gustativas até que a novela acabou. Oba! Que alegria...

Cinco minutos de conversa e: começa big brother Brasil. Pronto! Ainda tentei dizer que achava bbb um saco, mas big brother é mais poderoso que qualquer novela e as pessoas se mostravam extremamente furiosas ao escutar qualquer ruído vindo da minha boca. Por alguns instantes imaginei em minha futura casa com minha futura família a seguinte cena:

Eu digo: Pessoal, vamos sair pra dar um passeio?
Minha família diante da TV: Cala a boca, nós estamos vendo a novela.
Mais tarde volto a dizer: Vocês querem q eu prepare um lanche?
Minha família: Ô seu velho insuportável, vai procurar o que fazer e pare de nos atrapalhar, estamos querendo ver o Rafinha e a Gy no paredão!

Fiquei, deveras, despontado com as pessoas com quem convivo.

Pior do que isso é quando você, num sábado à noite, encontra seus amigos no barzinho mais movimentado da cidade e enquanto conversando com aquele seu camarada, ele fica prestando atenção numa cena da novela no telão. Ah cara, isso mata! Devia haver uma lei proibindo a transmissão de novelas em bares.

Mas enfim, vivemos num mundo problemático não é por acaso. Ei de ter uma casa com uma sala de TV exclusiva e hermeticamente fechada só pra assistir TV e nada mais.

Resumo da ópera: fomos a casa de amigos que a meses nos convidavam, e ao invés de colocarmos a boa conversa em dia, não trocamos meia dúzia de palavras. Ou seja, agora passarei mais bons meses até que esqueça o episódio e volta a aceitar outro convite.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Emagrecendo com o BOLINHA

Nasci gordo, fui uma criança gorda, um adolescente com diversas variações entre gordinho e obeso, e agora sou um adulto obeso, nunca olhei para o meu pênis sem que tenha uma protuberância entre ele e meus olhos. Isso nunca foi um grande incômodo, exceto quando eu era uma criança e precisava usar trajes de banho na escola ou em qualquer outro lugar perto de outras crianças. Ainda me lembro de quando fazia primeira série no colégio Objetivo, no primeiro dia de aula de natação, eu entrei dentro do banheiro e fiquei escondido no reservadinho só pra não ter que ficar de sunga perto dos meus colegas. A professora me dedou, obviamente, e tomei esporro da minha mãe. Aliás, daquela época e daquela escola, não tenho absolutamente nenhuma boa lembrança.

Engraçado é que na família, uma criança gordinha é "coisinha linda da mamãe", "trenzinho lindo da titia", "amor da vovó"... Aquela tia que te vê uma vez por ano sempre diz "Nossa, mas você é lindo demais! Que pele linda!". Que beleza! Se eu fosse um geriatra faria um sucesso inigualável, sou admirado pela terceira idade em peso. Agora, aquela garota linda da escola simplesmente não me olhava, é como se eu fosse uma lata de lixo no pátio da escola, nem papel de balinha me jogavam. Mas tudo bem, o ser humano é altamente adaptável, se as lindas não me olhavam, eu fazia amizade com as feias e hora ou outra ganhava uma sobra.

Tá certo que as chances de um gordinho com a garota mais bonita da festa é de 1% ou menos, mas garotas bonitas são igual a biloquê de madeira, se você não desiste, uma hora acerta o pino. E pra azar das bonitas, as vezes eu tinha meus minutos de sorte e conseguia-lhes um beijo.

Bom, na adolescência, a obesidade é guerra, mas quando adulto isso não tem assim tanta importância. O negócio é fazer um bom trabalho de labiação e rááá: capturar a presa. Parece que nesta fase da vida, garotas e garotos procuram boa companhia, estabilidade (leia-se $grana$ suficiente p/ levar uma vida minimamente social) e aparência vem em terceiro plano.

Outro dia estava navegando pelo orkut quando encontrei o perfil de um antigo colega, no álbum de fotografias vi várias fotos do sujeito de corpo bem feito, sempre cercado de vários rapazes e garotas lindas, só existiam belas pessoas naquele álbum, de repente comecei a me sentir deprimido, fiquei me imaginando no meio daquela foto com uma barriga branca e enorme se destacando pela bizarrice. Decidi tomar uma atitude: vou emagrecer!

Primeiro dia após minha decisão, uma fatia de mamão no café da manhã e sigo p/ o trabalho. Na volta para o almoço venho mentalizando "comerei só verduras", quando sento na mesa começa a luta: 1 porção de salada, outra porção de salada que é pra tentar inibir o desejo desesperado de matar o bifão que está ali, a poucos centímetros dos meus talheres, mais um pouco de salda pra ver se entope esse buraco sem fundo chamado de estômago. Acaba a salada e começo a tremer, são sinais claros da abstinência por bifes e frituras e num ato quase de chilique, pego um bife e devoro-o sem nem mesmo mastigar direito, nesse ritmo continuo com os próximos 3 bifes. Depois do almoço, sento diante a televisão e começo a refletir sobre meu selvagem descontrole diante de um mero bife e me sinto envergonhado.

Mais tarde, voltando do trabalho mentalizo novamente "não jantarei, comerei apenas uma fruta". Chego em casa e começa a luta, em cima da mesa há quibe, torta de tomate, salada de bacalhau no azeite, torradas e uma garrafa de coca bem gelada, mas estou decidido: comerei apenas frutas! Como 1 laranja, 2, 3, 4, enjoei de laranjas. Olho de rabo de olho para o quibe enquanto escuto o "tsiii" da minha mãe abrindo a garrafa de coca cola, num movimento carregado de ódio pego um melão e como praticamente a metade. O excesso de melão em meu organismo parece exaltar o cheiro da torta de tomate, meu desejo por ela chega a doer no coração e então resolvo comer só um pedacinho e aí a gente já sabe, um gordo NUNCA come só um pedacinho daquilo que gosta, é como se dissesse que um viciado em cocaína fosse cheirar só uma colherinha de chá. Uma hora depois, com a barriga lotada de salada de bacalhau, torta de tomate e quibe, arremato a última gota da garrafa de coca-cola.

Sento em minha cama, a cabeça pesa mais que a barriga, acabo de fazer algo do qual sinto vergonha. Me orgulho do meu auto-controle, nunca peguei 1 real de ninguém mesmo sabendo que ninguém saberia disso, nunca me envolvi numa briga ou discussão mesmo sendo humilhado, nunca traí uma namorada, nunca fui embora no meio de uma aula insuportável, nunca pedi um cobertor na casa dos outros mesmo morrendo de frio, nunca me abri com alguém mesmos nos extremos momentos de angústia... Entretanto, sou derrotado por uma simples lasca de parmesão.

100% dos nutricionistas dizem "Você precisa aprender a comer. Coma de tudo, mas coma pouco." Um gordo não come pouco, essa é a questão. Ou ele não come nada, ou come o que tem até acabar. Sabendo disso resolvi radicalizar. Tentei ser sutil com meu corpo, cortando o alimento aos poucos, mas como ele não aceitou, vou eliminar a comida da minha vida. Isso mesmo, a partir de agora minha boca só servirá pra falar e beijar, nada mais.

Logo cedo começo a estratégia, acordo o mais cedo que posso antes que alguém coma algo na minha frente, corro para o carro e vou trabalhar sem comer nada no café da manhã, não volto para o almoço, melhor ficar no trabalho, rende mais e de tabela acabo emagrecendo. A noite, quando chego em casa passo correndo pela cozinha para que meus olhos não enxerguem nenhum tipo de comida, sento na frente do computador e dali só saio a meia noite pra ir dormir.

No segundo dia eu me sinto bem, apenas com a boca amarga, vou para o trabalho e as paredes do meu estômago ficam se atritando. As quatro horas da tarde minha visão está estranha, as vezes tenho súbitas vontades de vomitar. A noite é bom, barriga vazia é aliada do bom sono, dormi como um príncipe! Terceiro dia, acordo cedo e percebo que minha pressão está baixa, faço uma consulta c/ o Dr. Google e descubro que falta de vitamina A causa cegueira e esse deve ser o motivo da minha visão estranha.

Alguém me liga pedindo pra doar sangue pra não sei quem que está internado não sei aonde. Pensei: ótimo! Meu sangue está limpo! Posso doar até p/ a última virgem do paraíso. Cheguei no banco de sangue a logo na triagem a moça me dá um esporro, disse q não tenho plaquetas e preciso comer urgente. Essa vadia tem inveja do corpinho que terei, por isso quer atrapalhar minha dieta! Tive que marcar a doação p/ outro dia, o enfermo desconhecido que espere!

À noite combinei de sair c/ amigos, o local em questão é uma pizzaria que, por pura sacanagem do destino, é uma fábrica de um dos meus alimentos favoritos. Chego mais cedo, sento na mesa e já imagino o quão difícil será dar seqüência a minha dieta naquele ambiente hostil às anoréxicas. Peço um chope e prometo pra mim mesmo que esta será a refeição da noite. Tomo uma tulipa e aquilo faz meu organismo regorjear de alegria, em poucos minutos me sinto deliciosamente bem, meu organismo sugou aquela pequena quantidade de álcool como uma criança somaliana sugaria um milk-shake do Bob's.

Como bom gordo que sou, tomo meu quinto chope em menos de 30 miutos, meu estômago faz tantos barulhos que me sinto, deveras, preocupado. Minhas vistas estão longe e agora, meu organismo me pede alimento de uma maneira mais direta.

Bom, acho que um Gourjon de Peixe com molho tártaro, neste momento, seria, inclusive, necessário. Penso um pouco e vejo que uma fritura não seria bom, um anoréxico jamais faria um pedido desses, melhor pedir um assado ou grelhado. Chamo o garçom: "Rocha, por favor, traga-me um surubim na chapa."

Minutos depois lá vem meu surubim fumegante, numa quantia humilde, ele, o surubim, parecia sorrir pra mim em meio a tantos pimentões, cebolas e mandiocas que tentavam justificar o preço do meu prato. É como se o Rocha fosse um súdito levando o alimento a seu deus. Devorei aquele magnífico surubim com molho tártaro, foi como um orgasmo prolongado.

Meus amigos chegaram quando eu comia a última cebolinha da chapa de surubim, dali pra frente foi uma noite de excessos e meu paladar pode matar a saudade de tantos sabores: calabresa, rúcula, aliche, bolognesa, presunto parma...

No outro dia, quando passava por uma farmácia, resolvi verificar o saldo parcial da minha dieta. Subi na balança e fiquei puto! Três dias passando FOME e perdi apenas 500 gramas! Provavelmente era o xixi que havia feito minutos antes. Puta que pariu, dieta não é nada gratificante. Vou dar uma bica nessa merda e fazer as pazes com o bom e velho salaminho italiano, o parmesão amigo de todas as horas e o miojo são expedito matador das fomes urgentes.

O gordo é engraçado. Ele nunca é gordo por acaso, mas ele sempre tem algo pra culpar seu excesso de peso. É a genética, predisposição, ansiedade, falta de tempo pra alimentar bem, preço das verduras, biotipo, medicamentos... Nunca o pastel, a coxinha, os pacotes de Ruffles de frente a tv, o tubo de açúcar, vulgarmente conhecido como refrigerante... Note uma coisa: quando você estiver andando pelo centro ou shoppings, note que, dificilmente verá um gordo que não esteja mastigando algo, seja pastel, sorvete, chiclete, pipoca... o gordo é uma máquina de processar alimentos.

Quando eu tinha 23 anos pesava 72kg, hoje, com 28 anos peso 92kg, ou seja, levei 5 anos para engordar 20kg e fico puto por não ter emagrecido em 3 dias.

Enfim, se você é gordo e quer emagrecer, pule numa cisterna abandonada, lá é o único lugar aonde você não vai comer e depois de uns 8 dias quando derem falta de você, te encontrarão lá dentro e já terá perdido bem uns 8kg, nem que seja pela desidratação.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Versos Íntimos



Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

Augusto dos Anos

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Guarda-roupa novo

Querido diário,

Eu gosto de você, mas é que a preguiça... hããmm, a preguiça me ama! Não tenho energia pra lutar contra as forças deste amor maligno! Ela ocupa quase todo o meu tempo e me sobra muito pouco tempo pra gastar com você, querido diário! Qualquer dia te chamo de Mensário, assim lhe garanto pelo menos 12 posts até o réveillon de 2009.

Agora que as desculpas foram devidamente pedidas, prossigo:

Navegando pela internet, achei um guarda-roupa bacana em MDF e decidi subitamente que iria comprá-lo, para minha surpresa 3 dias depois o desejado objeto já estava lá em casa, pensei: ótimo! A noite tiro o guarda-roupa velho (40 anos pra ser mais preciso) e monto o novo. Ledo engano!

Primeira noite:
Começo a esvaziar o guarda-roupa antigo. "Meu, que loucura loucura loucura loucura!" é o que diria Luciano Huck se estivesse ali. Puta merda, como aquele movelzinho antigo e quadrado cabia tanta coisa?! Sem contar que haviam coisas desconhecidas lá dentro. Achei uma belíssima coleção de sacolas velhas de papelão, ótimas para acumular poeira, uma velha espingarda de chumbinho, um prendedor de cabelo indígena xiquérrimo que minha irmã usava na década de 80 junto com camisetas do menudo, bolsas das Cias aéreas Transbrasil e Vasp, o punho de uma antiga espada Jedy que brilhava no escuro, coleção de revistinhas Shell (isso devia ser de 1984), todas as minhas mochilas desde a época do ginásio, aliás, vou começar um novo parágrafo pra falar dos bagulhos escolares.

Quando vi aquele monte de cadernos, agendas, provas e rascunhos pensei: "Que merda é essa? Pra que que eu guardo essas tranqueiras?!" Quando comecei a ler aquele material, entendi porque guardo aquilo. São os livros de história que falarão sobre a criança e o adolescente maluco que eu era. Tinha uma prova vazia, não respondi nem uma questão porque não sabia absolutamente nada e nas costas da prova deixei uma belíssima mensagem para o professor, acho que quando fiz isso, tentei me salvar pela compaixão do professor que, amargamente, me deu zero! =oD

E os recadinhos, desenhos, poesias bizarras... Cara, meus antigos cadernos são coletâneas de artes abstratas e poesias mórbidas. Pessoas normais poderiam achar isso fruto de uma mente perturbada, mas eu não, pra mim isso é arte! =oD Retratando o ser humano e seus mais selvagens sentimentos! =oD

Não dá pra falar de tudo, é muita coisa, antigos amores, telefones dos velhos amigos, época em que scrap book era uma coisa real feito com caneta, tinta e papel... Nesses momentos de nostalgia sempre me pergunto: Por que a gente não vive bem agora pra não ter que ficar com saudade no futuro de quando relembrarmos o agora que será passado? (Profundo! =oD)

Voltando a limpeza no guarda-roupa, já eram 1 da manhã e eu ainda não havia tirado a metade das coisas, mas o meu quarto já estava entupido, impossibiltando assim que eu dormisse no quarto. Tive que pedir azilo no quarto da minha irmã e vejam que sorte, consegui vaga na cama!

Segunda noite:
Meu pais e minha irmã foram pra uma festa de casamento e isso me daria muitas horas de privacidade para montar meu novo guarda-roupa.
Chamei meu vizinho: "Bora tirar esse guarda-roupa daqui, pega de um lado e eu do outro." Meu vizinho, um rapaz sábio em assunto de móveis, disse serenamente que seria preciso desmontar o velho guarda-roupa para tirá-lo do quarto, e nesse ponto comecei a perceber que o desconhecido nem sempre é simples como parece. =oD

Lá vamos nós, de aparafusadeira em punho comecei o show de destruição - já viu como os amadores se empolgam com uma ferramenta nova? O bom é que essa motivação dura até o serviço começar a ficar pesado, aí você passa a odiar sua ferramenta. - Comecei a desmontagem pelos pés do velhor roupeiro, quando tiro o primeiro parafuso a merda começa a feder, sem um pé, não sei o que seria do antigo móvel e de mim se meu vizinho não estivesse ali para segurá-lo. Não querendo intrometer mas vendo que a situação não estava sob controle, meu vizinho sugere q eu comece desmontando as portas, os cabideiros, as laterais para aí então, desmontar os pés. Ai ai... Esse meu vizinho se acha um sabichão.

Seguindo as dicas do guru em móveis, meu vizinho, a velharia estava completamente no chão. Que beleza! Agora posso partir para para a montagem do meu moderníssimo roupeiro! Rasgo a embalagem como uma criança em baixo da árvore de presentes em dia de natal, estou bêbado de empolgação. Enquanto abro as caixas, minha empolgação vai virando uma tensa preocupação, o negócio tinha um quatrilhão de peças, parafusos, trilhos, roldanas, cantoneiras... Socorro! Por onde Começo?

Para minha sorte, meu vizinho ainda estava presente e me orientou na parte mais difícil: encontrar o fio da meada. Montamos a estrutura toda e três horas depois o guarda-roupa estava de pé. Me senti como um velejador que constrói seu veleiro com as próprias mãos e o coloca na água pela primeira vez erguendo a vela. Deu até vontade de quebrar uma champagne no "casco" do meu guarda-roupa.

Com o veleiro em água, meu vizinho me deixou, dali em diante eu seguiria sozinho, vulnerável a um mar escuro e hostil. Como não sabia o que fazer e não entendia nada no manual, fui montar as gavetas, meti parafuso e pregos, ficaram ótimas, estava orgulhoso do meu trabalho, entretanto, mais tarde descobri que esquecera de passar a cola. Maldito manual! Como um objeto com milhares de peças vem com uma manual que só tem 3 figuras? Absurdo! Foda-se, ficará assim mesmo, sem cola. O guarda-roupa é meu, foi pago com o meu dinheiro e eu monto a gaveta da maneira como melhor me convém.

Agora é uma parte importante: pregar o fundo. Um fundo mal pregado pode deixar seu guarda-roupa torto. Como sei disso? Meu vizinho, um guru na arte de montar móveis como já disse antes, falou cansativamente sobre esta parte e antes de ir embora fez várias observações para que eu prestasse muita atenção nisso, do contrário o roupeiro ficaria torto. Sábio rapaz! Tente seguir seus conselhos, mas na prática as coisas funcionam de maneira diferente, as vezes você precisa ser objetivo, assim meti prego no fundo e pensei: quando estiver tudo montado, o peso vai colocar tudo no lugar. Esse fundo me deu trabalho, eram 7 placas de 2,3metros de largura e uns 40 centímetros de altura, eu pregava de um lado, caía do outro, mas o pior era na hora de encaixar a canaleta de emenda, o filho da puta que projetou aquilo não tinha mãe, sujeitinho despresível. Enfim, no manual dizia pra por uns 100 pregos, achei exagero e eu já estava bastante cansado, coloquei uns 6 pregos pra cada placa e isso não mudou absolutamente nada na minha qualidade de vida. Obs.: Vendo meio saco de pregos.

Já eram 1 da manhã, o fundo estava pregado, as prateleiras aparafusadas, gavetas montadas, faltavam os trilhos das gavetas, a porta e uns 3 ou 4 pauzinhos que estavam sobrando que posteriormente descobri que faziam parte do acabamento. Peguei o manual, dei uma olhada pra ver se entendia como funcionava aquela gaveta, virei o papel em vários ângulos mas nada, eu simplesmente não entendia aquilo e todos aquelas milhares de peças, aquela quantidade toda de parafusos e roldanas me deixavam inseguro, faltava tão pouco para terminar a montagem, mas tinham tantos parafusos sobrando que fiquei com medo de ter deixado algo por aparafusar. Puxei uma cadeira, sentei, e neste momento vi o quanto sofre o corpo de um programador quando assume o cargo de um chapa.

Algo me dizia: largue isso, vá dormir, amanhã você paga um marceneiro pra vir terminar isso. Mas a casa estava impossível de entrar, esparramei ferramentas, roupas, malas, revistas... por toda parte. Quando meus pais chegassem ficariam chocados, eu precisava pelo menos arrumar a bagunça. Fiquei lembrando as palavras do meu pai um dia antes: "meu filho, pague alguém pra montar esse guarda-roupa, isso não é fácil, dá um trabalho do cão e você ainda pode fazer coisa errada." Nessa hora o medo de ser zoado no dia seguinte me dominou, agora era pessoal, meu pai veria quem é que manda, eu ou o guarda-roupa! Peguei o manual, olhei-o minunciosamente e consegui montar a guia superior das portas corrediças, foi um sucesso! Com a guia posta em seu devido lugar, consegui entender facilmente como seria a montagem das partes de acabamento e executei a montagem das mesmas. Ainda embalado pelo orgulho, montei as partes que seriam a porta, mas as roldanas e o tal de freio ainda me deixavam inseguro, reservei-os.

Quando olhei no relógio já eram 2:30 da manhã, meu olho estava ardendo de sono, dedos machucados e a aparafuzadeira sem bateria. Meus pais estavam para chegar, eu precisava dar um jeito na bagunça. Abandonei a montagem e parti para a limpeza da casa transferindo todo lixo, sujeira, ferramentas e entulhos p/ dentro do meu quarto. Já eram 3:00 da manhã, meu trabalho já não rendia, minha cabeça não funcionava, era hora de baixar as velas do veleiro e descansar. Tomei um banho, fiz um sanduíche de pão com mortadela ouro e uma lata de coca-cola, a refeição dos deuses. Terminando minha refeição, meus pais e minha irmã chegaram, estavam meio embriagados e me indagavam ansiosos por notícias positivas do guarda-roupa, dei poucas e curtas respostas. Pedi asilo no quarto da minha irmã pra dormir mais uma noite, mas dessa vez não consegui ficar na cama, fui p/ um sofazinho curto. Deitado no sofá, tentando pegar no sono, os trilhos das gavetas não saíam da minha cabeça, eu estava acabado e o sono não chegava, a merda dos trilhos da gaveta não me dava trégua, fiquei pensando: como fazem os marceneiros na hora de dormir? No dia seguinte, senti dores em músculos que eu não sabia que existiam em meu corpo.


Terceiro dia:
Aproveitei meu horário de almoço para mais uma tentativa com a montagem dos trilhos das gavetas. Agora, mais tranquilo e com a ajuda caprichosa da minha irmã, montei sem dificuldades os trilhos das gavetas, mas tive que parar porque a aparafusadeira acabou a bateria mais uma vez. Pensei: ...é aparafusadeira, vc é mais fraca do que eu! =oD

Terceira noite:
Fui pra casa decidido a concluir a montagem do meu guarda-roupa. A minha meta seria dormir na minha cama aquela noite. Voltando do trabalho pra casa fui pensando: O guarda-roupa é meu, se der errado, o problema é meu e somente meu, vou chegar aparafusando aquela roldana na porta sem dó. Cheguei em casa, a bateria da aparafusadeira estava tinindo! Coloquei meu uniforme de trabalho e parti pra guerra. Terminei o trilho das gavetas, com a ajuda da minha irmã mandei bala, ou melhor, parafuso nas roldanas da porta e tudo parecia ir muito bem, até que a ranzinza da minha irmã que se apega muito a detalhes começou a encontrar muitos defeitos no meu trabalho: "Isso está torto", "Isso está errado", "Falta um prego aqui". Isso atrasou muito meu trabalho tive que desmontar a porta novamente, controlando meu bom humor em meio a tantos palpintes, principalmente aqueles que eram pertinentes, isso estava ferindo meu ego de macho.

Portas no lugar, gavetas em ordem, guarda-roupa no lugar... Ah! Ó meu trabalho, como és belo!

Minha irmã se canditadou a fazer a limpeza, eu tentei evitar, disse que não precisava, mas ela insistiu, eu sabia que ela encontraria algum probleminha, ela sempre se apega aos detalhes e mesmo que eu diga que é bobagem, ela não aceita, me manda fazer tudo de novo. Armada de um perfex começa a limpeza enquanto ajunto as ferramentas e aquele monte de pecinhas sobrando. A tensão tomava conta de mim, comecei a enrolar com as ferramentas porque sabia que com a minha irmã na inspenção, eu teria que voltar a utilizar as ferramentas... Dito e feito:

-Guila, tem uma ponta de prego aqui no fundo... tem outro. Guila, tem outro aqui ó.
E eu calado.
-Guilaaaaa, você tem que arrumar esse prego aqui ó.
-Não precisa, isso é bobagem.
-Precisa sim, tem que arrumar.

Lá vai eu arrastar guarda-roupa, entrar atrás, tirar prego, bater prego... nisso, minha irmã achou mais um prego com a ponta pra fora e eu grilei:

-Pôrra, para de procurar essas merdas porque senão não termino isso hj.

Depois dos pregos, tudo parece dar certo, mas por pouco tempo:
- Guila, vc não tampou os buraquinhos.
- Ninguém vai olhar isso, deixa assim.
- Não Guila, deixa de preguiça, arruma isso aí.

Cara, eu odeio tampinhas, comprarei um saco de tampinhas só p/ jogá-las no fogo uma a uma. Malditas!

Guarda-roupa no lugar, tampinhas no lugar... Fui limpar o maleiro do guarda-roupa, lá minha irmã não alcaça, sorte minha, porque lá ficou umas 4 pontas de prego, se minha irmã não as vê, não preciso tirá-las.

- Guila, essa porta está torta...
- Guilaaa, tem alguma coisa errada com a porta, a gaveta não abre.
- Guila, o guarda-roupa está torto.

- Lamento, vai ficar assim.

Tive que dormir mais uma vez no quarto da minha irma. Minha coluna está deformada.

Hoje:
Pretendo colocar tudo dentro do guarda-roupa novo. Saberemos se deu certo num próximo post.

Obs.: Dedico este post à minha maravilhosa aparafusadeira, pelas longas noites de rodopio.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Feliz 2008! :o)

Ahhh! Como é bom coisas novas! Sempre que compro um aparelho eletro-eletrônico passo horas futricando em todas as suas funcionalidades, leio todas as letrinhas do manual, são horas e horas de puro deleite! Seria bom se no ano novo eu conseguisse sentir a mesma coisa e lesse todos livros que me chegam as mãos.

Olha, se o meu ceticismo permitisse, comeria um caixote de romãs e jogando as sementes para trás, pediria:

-que a preguiça me abandonasse para sempre, assim poderia colocar em prática todos os meus planos sem deixar nada por fazer, inclusive escrever :-D ;
-que eu consiguisse recursos financeiros e disposição para conhecer novos lugares, ver novas paisagens, conhecer diferentes costumes e experimentar de todos eles;
-que minha paciência quadriplicasse para que continuasse a vida sem ofender nem magoar aqueles que amo.
-que aqueles com quem convivo desconfiem e pensessem várias vezes antes de fazerem e falarem tanta bobagem;
-que eu voltasse a sentir pelas coisas e pelas pessoas o mesmo sentimento de quando os tive e vi pela primeira vez;
-que me livrasse dos pequenos maus hábitos na direção, no trabalho e em casa;
-que tivesse muitos orgasmos;
-que a cerveja nunca me faltasse;
-que as pessoas comprassem carros e celulares escutando suas necessidades e não suas vaidades, pensando coletivamente;
-que meu trabalho fosse do lado da minha casa e que o expediente fosse de apenas 3 horas, assim sobraria tempo para conhecer as mudanças no resto da cidade;
-que eu tivesse muitos amigos, dezenas deles, e os encontrasse todos de uma vez só pelo menos 4 vezes por mês;
-que as calçadas fossem permeáveis;
-que a educação chegasse a todas as classes da sociedade, assim seríamos socialmente iguais;
-que o mundo não tivesse religiões nem líderis charlat..., digo, religiosos;
-que tivesse um trem bala entre Goiânia e Brasília e que uma estação fosse do lado da minha casa;
-que os goianos aprendessem como se utiliza as setas e as faixas pintadas no chão;
-que nunca me faltasse dinheiro nem oportunidade de comer em bons restaurantes;
-que acabassem com os mórbidos cemitérios;
-que os jornais policiais acabem por falta de matéria;
-que as mulheres fiquem ainda mais lindas do que já são e enfeitem nosso mundo com muitos lábios de batom, brincos de argola, unhas coloridas, pele cuidada e menos silicone;
-que as pessoas transem mais do que assitem novelas;
-que as belas lésbicas saiam do armário e nos matem de esplendor;
-que os flanelinhas estudem e consigam um emprego que os traga renda por trabalho e não por extorsão ou coação;
...

As romãs acabaram. :)

Ao miúdo número de leitores do meu blog, feliz ano novo! Que o ano de vocês seja sempre melhor que o meu. :D