terça-feira, 5 de agosto de 2008

Insônia

Deito mais cedo, leio alguma coisa com a luz amarela acesa para cansar meus olhos.
O sono vem e não fica muito tempo.
Uma hora da manhã, estou tão acordado quanto nas horas que antecediam minhas viagens para a praia na minha infância.

A madrugada silenciosa dá boas vindas à minha angústia, remôo todas desconfortantes situações pelas quais passei de quando nasci até o momento em que me deitei na cama pra dormir na noite anterior.

Quando criança, nas noites de insônia, passava horas me imaginando fazendo coisas impossíveis e deliciosas. No infinito da minha imaginação, corria de formula 1, pilotava um Porsche 911 amarelo pelas pistas de Nurburgring e sentia o frio na barriga em cada mergulho da freada antes da curva, saltava os altos obstáculos da pista de motocross c/ a minha Agrale 27.5 imaginária, beijei praticamente todas as minhas belas colegas de escola, em cada faixa de imaginação eu fui fiel a uma só garota, assim, viajei e beijei uma de cada vez, pena que elas nunca provaram o gosto da minha dedicação e fidelidade que durou até o início da adolescência, quando passei a imaginá-las todas juntas e sem roupa :)

Sempre senti uma ligeira depressão pós-imaginação, parece que imaginar todas as coisas impossíveis e deliciosas me fazia sentir pequeno quando voltava ao mundo real, mas isso nunca chegou a ser um amargo insuportável como as frustrações de hoje.

Não posso dizer que o azar foi uma companhia 100% implacável, por vezes consegui atingir o pico no gráfico da felicidade, mas meu estilo de vida não permite variações no gráfico, pouca coisa muda e se o meu gráfico entre alegrias e tristezas fosse um monitor cardíaco, monitoraria um coração que parou de bater.

Hoje, nas minhas noites de insônia, a imaginação já não é tão incisiva e deixa um vazio mental para as lembranças tortuosas ficarem à vontade. São as situações mal resolvidas que mais me açoitam, eu levo todos os rancores, mágoas e frustrações junto comigo.

Aqui vai um corpo sobrecarregado de aflições e incertezas.

São duas da manhã e essa tristeza que não passa faz andar a curtos passos o meu relógio no criado mudo que as vezes parece querer me dizer alguma coisa.

3 comentários:

Anônimo disse...

Teste

Anônimo disse...

mais um teste

Anônimo disse...

lol