quinta-feira, 20 de junho de 2013

Therezópolis Gold

As vezes me pego divagando sobre esse esquisito desejo que tenho (na verdade, muita gente tem) por cerveja, é algo sem o qual a vida seria muito mais tediosa e chata. Engraçado é que o bem estar causado pela cerveja não está ligado somente aos efeitos do álcool, acontece algo de bom desde o primeiro gole, me entorpeço de prazer nas preliminares que consistem em organizar o momento, seja organizando a casa pra uma degustação domiciliar, seja procurando o melhor bar ou em busca dos melhores parceiros de copo.


Certa vez instalei um som no meu carro que custou mais carro que a média e era tecnicamente menos potente, porém, compreendi uma coisa importante, você só percebe quão ruim é uma coisa quando vive uma experiência melhor. O som em questão tinha uma melhor sensação de palco, um grave mais limpo, e os instrumentos de som médio eram mais perceptíveis.


Apesar de um grande bebedor de cerveja em termos de quantidade, poucas vezes me atentei para os detalhes de uma cerveja. Aliás, uma coisa interessante é o comportamento das pessoas quando o assunto é marca da cerveja. Cada um defende sua bandeira como se defendesse o brasão do seu time de futebol.


Na verdade, entre as cervejas comerciais há sim suas diferenças, mas no geral são aguadas e provavelmente  são feitas com quase tanto milho quanto cevada ou trigo. Imagino que o milho deve ser mais abundante e barato.


Com certeza absoluta o clima do nosso pais é o grande contribuidor para a nossa cerveja ser o que é hoje, note que não é incomum as pessoas passarem 6, 8, 10, 12 e até 24 horas tomando cerveja em tempos de festa (coisa que não nos falta), nosso clima e a freqüência com que a cerveja é consumida, acabou fazendo afamar as cervejas mais leves e muito gelada, tão gelada que muitas vezes mal pudemos sentir o gosto.


Bom, mas voltando ao assunto do “quão ruim é algo até que conheça uma melhor”, lá pelos idos de 1995~6 iniciei uma coleção de latinhas, comecei a comprar e ganhar diferentes tipos de cervejas, isso ocorreu numa época em que o dólar estava baixo e as cervejas importadas invadiram o mercado nacional. Como ganhava ou comprava apenas 1 latinha de cada tipo (as cervejas estavam baratas, mas não o suficiente pra comprar várias :-D ), tentava apreciá-las mais lentamente e de preferência sozinho. 


A partir dessa época comecei a compreender alguma coisa diferente, existe um aroma característico nas boas cervejas que não sabia exatamente qual era o motivo, mas acreditava ser o cheiro dos cereais maltados e quando você bebe, esse cheiro se mistura com o gosto, é sensacional.


Bem, falemos agora da Therezópolis Gold. Ainda não havia experimentado essa cerveja, então no meu aniversário deste ano ganhei esta garrafa da amiga Eulices, que aliás, sempre me presenteia com cervejas, essa sabichona faz isso porque sabe que não vai errar nunca! :-D 



Meu aniversário foi no dia 16 de fevereiro e desde então essa garrafa estava no fundo da geladeira escondida atrás das verduras pra não correr o risco de ser bebida por qualquer incauto. Na verdade, estava aguardando um momento de tranquilidade para apreciar o líquido dourado. Devido a uma sucessão de aflições, fui protelando o consumo desta maravilha, contudo, na última sexta-feira senti uma paz singular. Minha esposa preparou um assado a base de queijo Camembert coberto com bacon (talvez o porco defumado tenha o poder de trazer a paz que eu tanto almejo) e forrado com mel. De antepasto havia torradinhas de alho com creme de gorgonzola e peito de frango, uma verdadeira maravilha.  



Uns 30 minutos antes, tirei a Therezópolis do esconderijo e coloquei no freezer pra garantir uma geladinha extra, meu desejo era consumir numa temperatura próxima de 3~4 graus. A cerveja tem uma cor mais amarela do que as cervejas mais comerciais, a espuma é espeça e de bolhas pequenas, tem um aroma de cereais e laranja, utilizei uma taça para cerveja.



A Therezópolis tem uma história legal (li no site), o sujeito quando veio ao Brasil, executou a receita de cerveja dos seus familiares dinamarqueses para beber nas festas, as pessoas que experimentavam gostavam bastante, então eles começaram a produzir cada vez em quantidades maiores. Me parece que o filho do sujeito, largou tudo pra fazer apenas cerveja, o pai confiou na decisão da cria e juntos eles começaram a cervejaria.


Independente das característica da cerveja que você bebe, o que realmente importa, são os históricos momentos que ela lhe proporciona. Faça uma verificação rápida e veja que no seu círculo de pessoas próximas, a grande maioria foram trazida pela cerveja.


Obrigado, cerveja!