sábado, 22 de março de 2008

A TV que une...

... os retardados.

Televisão é um objeto bacana, mas se você fizer uma rápida análise, verá que é 70% inútil, 20% entretenimento e 10% utilidade (talvez menos).

Já ouviu o ditado que diz: "Muito ajuda quem não atrapalha" ? Pois é, eu poderia dizer isso sobre a TV, mas se ela é posta em locais públicos ou sociais tais como restaurantes, bares e salas de estar, atrapalha mais do que alguém comendo de boca aberta na mesma mesa que você. Aliás, as pessoas tem o péssimo hábito de colocar televisão em sala de estar e isso é no mínimo medíocre, pobre e atrasado.

Sábado passado, eu e a patroa fomos visitar um casal de amigos, lá chegando fui preparar uma das minhas maravilhosas iguarias alimentícias, modéstia a parte, sou praticamente um Cheff. Chegamos na casa, entramos pela sala e lá estava ela, a máquina da inconveniência ligadassa numa programação ultra-agradável a este ser que vos escreve: novela!

Após os cumprimentos, fui p/ a cozinha preparar a iguaria, para tanto, pedi ao anfitrião que me servisse uma cerveja, ele, prestativo e afobado, encheu um copo para mim e outro para ele. Pronto! Munido de um copo de cerveja me sinto animado a cozinhar até para um batalhão. Começo meus trabalhos e vou bebericando o gélido suco de cevada, o líquido dos poetas. Nesse tempo percebo que o copo do anfitrião continuava ali, intacto, já com aparência de quente. Fui verificar a ausência das pessoas e vejo que estão todas na frente do computador vendo um vídeo super-legal não sei do quê.

Penso: noite de sábado, cerva no freezer e um grupo de amigos de frente o computador vendo vídeos legais? Não há nada mais nerd! Bom, ficarei calado, porque do contrário, eu serei o anti-social da noite.

Volto para a cozinha e continuo animadíssimo com as panelas e meu chistoso copo de cerveja. Mexe panela, abaixa o fogo, pica tomate, pica cebola... e ninguém aparece. Resolvo enfim, alertar o pessoal de que se trata de um sábado a noite, momento de socialização: "Ei, estou bebendo sozinho aqui!". Em vão, não aparece ninguém.

O rango ficou pronto, sirvo a mesa que está localizada na sala de estar, de frente a porcaria da televisão: "Pessoal, está pronto!" A trupe aparece. Sento de costas pra TV e penso: "Pronto! Com todo mundo na mesa, agora é só comer, beber e conversar, essa noite não tem fim!"

Ledo engano! Começo a conversar com o anfitrião sobre financiamentos de carros e percebo que em nenhum momento ele presta atenção no que eu digo. Ele me responde "ahan" sempre que lhe digo algo. O sujeito está petrificado assistindo NOVELA. Calo a boca.

Diante do meu incômodo silêncio os anfitriões me perguntam algo, no melhor estilo "puxando conversa", quando vou responder, minha patroa me pede que eu fique calado porque ela quer escutar o diálogo do Pedro (da dupla Pedro e Bino) com a Flávia Alessanda. Na verdade esse sutil pedido de "cale esta boca" veio a calhar aos anfitriões que estavam LOUCOS pra escutarem também as palavras do Pedro. Eu gostava mais deste sujeito na época do carga pesada, porém, naquela época, nunca deixei de brincar com os meus amigos pra assistí-lo.

Bom, se não pode vencê-los, junte-se a eles. Fiquei concentrado exercitando minhas papilas gustativas até que a novela acabou. Oba! Que alegria...

Cinco minutos de conversa e: começa big brother Brasil. Pronto! Ainda tentei dizer que achava bbb um saco, mas big brother é mais poderoso que qualquer novela e as pessoas se mostravam extremamente furiosas ao escutar qualquer ruído vindo da minha boca. Por alguns instantes imaginei em minha futura casa com minha futura família a seguinte cena:

Eu digo: Pessoal, vamos sair pra dar um passeio?
Minha família diante da TV: Cala a boca, nós estamos vendo a novela.
Mais tarde volto a dizer: Vocês querem q eu prepare um lanche?
Minha família: Ô seu velho insuportável, vai procurar o que fazer e pare de nos atrapalhar, estamos querendo ver o Rafinha e a Gy no paredão!

Fiquei, deveras, despontado com as pessoas com quem convivo.

Pior do que isso é quando você, num sábado à noite, encontra seus amigos no barzinho mais movimentado da cidade e enquanto conversando com aquele seu camarada, ele fica prestando atenção numa cena da novela no telão. Ah cara, isso mata! Devia haver uma lei proibindo a transmissão de novelas em bares.

Mas enfim, vivemos num mundo problemático não é por acaso. Ei de ter uma casa com uma sala de TV exclusiva e hermeticamente fechada só pra assistir TV e nada mais.

Resumo da ópera: fomos a casa de amigos que a meses nos convidavam, e ao invés de colocarmos a boa conversa em dia, não trocamos meia dúzia de palavras. Ou seja, agora passarei mais bons meses até que esqueça o episódio e volta a aceitar outro convite.

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