quarta-feira, 17 de abril de 2019

Uma intoxicação alimentar nunca é em vão.

Hoje tirei uma fraldinha da geladeira, quando abri a embalagem achei o cheiro meio estranho. A carne estava com um aspecto bonito, lavei com água corrente e voilà! Sem neura. Pensei: deve ser o cheiro do sangue da embalagem. Segui limpando o corte...

Aquele cheirinho não passava, então resolvi solicitar ajuda profissional. Liguei no açougue onde tenho hábito de comprar, pedi pra falar com o açougueiro e expliquei a novela desde a compra da peça, passando pelo armazenamento e, finalmente, a abertura da embalagem. Ele ouviu tudo pacientemente sem julgar e disse que o sangue poderia dar um cheirinho sim, mas se a data de validade estivesse dentro do prazo (e estava), não haveria razão pra temer.

Bom, seguro com o parecer profissional, segui confiante no preparo do bovino.

Já notei que quando a fraldinha não é de boa qualidade, alguns estabelecimentos costumam servi-la com bastante alho, isso acoberta um possível gostinho de curral, então foi o que fiz, descasquei duas cabeças de alho e soquei bastante pra virar uma papa consistente.

Não sei se você, caro leitor, conhece o canal Aviões e Músicas no youtube, mas lá, o Lito (proprietário) sempre frisa com ênfase: na aviação comercial, um acidente nunca é em vão. Sempre se tira lições importantes que salvam vidas evitando que os erros se repitam.

Enquanto elaborava uma maneira de mascarar o mal cheiro do corte, tive um déjà vu, essa brilhante ideia de acobertar mal cheiro em carne já me ocorrera no passado (a exatamente uma década atrás) segundos antes de engolir um pastel recheado com carne podre. Na ocasião utilizei uma superdosagem de pimenta.

Parei um pouco. Cheirei a carne novamente. Perguntei-me mentalmente porquê diabos coloco uma economia de 30 reais à frente do risco de morte (fora o gasto com medicamentos na tentativa de sobreviver).

Enquanto eu travava uma batalha mental entre "lixo X forno", meu cérebro interrompeu tudo para uma nota: PIMENTA DO REINO TAMBÉM PODE AJUDAR NO COMBATE AO CHEIRO RUIM.

Puta que pariu! Meu instinto está pouco se lixando pra sobrevivência, ele só quer sentir o prazer de uma carninha. Como poderei contar com um instinto desse? É tipo: ó come aquela granada ali ó, é um delicioso kibe!

Saí da cozinha, sentei na frente da tv, fiquei olhando tudo sem ver nada enquanto pensava: porque eu quero aproveitar essa carne? O que explica esse bloqueio que não me permite descartá-la? Outras pessoas comerão, dessa vez a vítima não será só eu. Jogo ou não jogo?

Então concluí: vou fazê-la, se ficar com gosto ruim, jogo fora.

Levantei, fui até a cozinha. Quando cheguei senti um cheiro que jamais sentira, são muitos anos preparando carnes, especialmente fraldinha. Essa dúvida plantada pela neura de "não posso gastar" não pode vencer a experiência. ÇAPORRA TÁ PODRE!

Está decidido: lixo!

Problema resolvido! Não, péra!

"Não posso jogar essa carne no lixo, vai feder muito! Vou cozinhá-la antes do descarte." - ideia brilhante.

Coloquei um pouco de água na panela de pressão, sal e a peça de carne. Liguei o fogo e orientei minha esposa: quando começar a chiar, marque 40 minutos e desligue o fogo. Saí de casa e fui pro trabalho.

Alguns minutos depois recebi a seguinte mensagem no celular:



terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Mens puter in corpore sano.

Lá na infância, lá atrás, num tempo de muita fantasia, pouca vivência e numa fome louca de diversão, imaginei muito sobre o futuro. Era incrível! Nos famosos cadernos de perguntas e respostas, a meninada fazia altas previsões para o futuro. Ainda carentes de criatividade, era fácil deixar-se levar pelas respostas das outras crianças:
Como será sua vida aos 21 anos de idade?
“Casado, com um casal de filhos, comerciante…”
“Casado, com um filho, professor…”
“Médico que faz caridades…”
“Casado, 3 filhos, bombeiro...”

Nas primeiras manhãs de dezembro, quando trazia meu boletim pra casa, o tempo passava devagar, muito devagar! Aquela angústia por ter em mãos o peso de péssimas notas. Enquanto caminhava de volta pra casa, me perguntava por quê não dedicara mais durante o ano? Por que me entreguei tão facilmente à preguiça.

Fora os momentos de tensão da vida pré-adolescente, o tempo passou voando! De repente lá estava eu: 21 anos, carteira de motorista e cursando faculdade. Nada de filhos, nada de casamento… de tão próximo à infância, com 21 anos, me sentia mais um adolescente com regalias do que um adulto.  

Um tempo interessante, sem muita pressão, pouco dinheiro e bastante convívio social. A vida era um evento que acontecia diariamente. Uma das maiores aflições era gerenciar ataques e esquivas na vida amorosa (no meu caso, mais ataques do que esquiva, vai).

Das minhas pressuposições feitas na infância, na adolescência ou até o início da vida adulta, nada é parecido com o que vivo hoje. Numa orientação muito errada, ao logo do tempo fui abandonando a diversão e abraçando indiscriminadamente os compromissos. E é estranho porque a sociedade acaba por me tecer elogios diante desta inversão da vida. Numa arcaica visão social, carregar uma vida com aflituosos compromissos é sinal de responsabilidade.

E aqui estou eu, um adulto responsável, que aprendeu a ser adulto no modo mais sisudo possível e enterrou em profundidade pré-salinas a alegria adolescente suave de outrora.

Tão desbastado de felicidade quanto Harry Potter numa convenção de Dementadores, acordo me perguntando qual a lógica em sair da cama. Por que me dou o trabalho de levantar?  Qual é a parte positiva desse modelo de vida fracassado que construí?

Às vezes, em ocasiões de salubridade psíquica, a posição de fundo de poço na qual me encontro, parece reversível. Somos partícula de poeira diante das formações galácticas assombrosamente gigantescas. Meu problemas são meras insignificâncias.

Mas na laboriosidade do dia a dia, minha pequenez se faz grande, aflorando uma dolorosa afecção mental que me faz sentir morrer lentamente. Completamente sem esperança, mesmo uma tarefa simples como levar o lixo pra fora, parece um esforço em vão.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Therezópolis Gold

As vezes me pego divagando sobre esse esquisito desejo que tenho (na verdade, muita gente tem) por cerveja, é algo sem o qual a vida seria muito mais tediosa e chata. Engraçado é que o bem estar causado pela cerveja não está ligado somente aos efeitos do álcool, acontece algo de bom desde o primeiro gole, me entorpeço de prazer nas preliminares que consistem em organizar o momento, seja organizando a casa pra uma degustação domiciliar, seja procurando o melhor bar ou em busca dos melhores parceiros de copo.


Certa vez instalei um som no meu carro que custou mais carro que a média e era tecnicamente menos potente, porém, compreendi uma coisa importante, você só percebe quão ruim é uma coisa quando vive uma experiência melhor. O som em questão tinha uma melhor sensação de palco, um grave mais limpo, e os instrumentos de som médio eram mais perceptíveis.


Apesar de um grande bebedor de cerveja em termos de quantidade, poucas vezes me atentei para os detalhes de uma cerveja. Aliás, uma coisa interessante é o comportamento das pessoas quando o assunto é marca da cerveja. Cada um defende sua bandeira como se defendesse o brasão do seu time de futebol.


Na verdade, entre as cervejas comerciais há sim suas diferenças, mas no geral são aguadas e provavelmente  são feitas com quase tanto milho quanto cevada ou trigo. Imagino que o milho deve ser mais abundante e barato.


Com certeza absoluta o clima do nosso pais é o grande contribuidor para a nossa cerveja ser o que é hoje, note que não é incomum as pessoas passarem 6, 8, 10, 12 e até 24 horas tomando cerveja em tempos de festa (coisa que não nos falta), nosso clima e a freqüência com que a cerveja é consumida, acabou fazendo afamar as cervejas mais leves e muito gelada, tão gelada que muitas vezes mal pudemos sentir o gosto.


Bom, mas voltando ao assunto do “quão ruim é algo até que conheça uma melhor”, lá pelos idos de 1995~6 iniciei uma coleção de latinhas, comecei a comprar e ganhar diferentes tipos de cervejas, isso ocorreu numa época em que o dólar estava baixo e as cervejas importadas invadiram o mercado nacional. Como ganhava ou comprava apenas 1 latinha de cada tipo (as cervejas estavam baratas, mas não o suficiente pra comprar várias :-D ), tentava apreciá-las mais lentamente e de preferência sozinho. 


A partir dessa época comecei a compreender alguma coisa diferente, existe um aroma característico nas boas cervejas que não sabia exatamente qual era o motivo, mas acreditava ser o cheiro dos cereais maltados e quando você bebe, esse cheiro se mistura com o gosto, é sensacional.


Bem, falemos agora da Therezópolis Gold. Ainda não havia experimentado essa cerveja, então no meu aniversário deste ano ganhei esta garrafa da amiga Eulices, que aliás, sempre me presenteia com cervejas, essa sabichona faz isso porque sabe que não vai errar nunca! :-D 



Meu aniversário foi no dia 16 de fevereiro e desde então essa garrafa estava no fundo da geladeira escondida atrás das verduras pra não correr o risco de ser bebida por qualquer incauto. Na verdade, estava aguardando um momento de tranquilidade para apreciar o líquido dourado. Devido a uma sucessão de aflições, fui protelando o consumo desta maravilha, contudo, na última sexta-feira senti uma paz singular. Minha esposa preparou um assado a base de queijo Camembert coberto com bacon (talvez o porco defumado tenha o poder de trazer a paz que eu tanto almejo) e forrado com mel. De antepasto havia torradinhas de alho com creme de gorgonzola e peito de frango, uma verdadeira maravilha.  



Uns 30 minutos antes, tirei a Therezópolis do esconderijo e coloquei no freezer pra garantir uma geladinha extra, meu desejo era consumir numa temperatura próxima de 3~4 graus. A cerveja tem uma cor mais amarela do que as cervejas mais comerciais, a espuma é espeça e de bolhas pequenas, tem um aroma de cereais e laranja, utilizei uma taça para cerveja.



A Therezópolis tem uma história legal (li no site), o sujeito quando veio ao Brasil, executou a receita de cerveja dos seus familiares dinamarqueses para beber nas festas, as pessoas que experimentavam gostavam bastante, então eles começaram a produzir cada vez em quantidades maiores. Me parece que o filho do sujeito, largou tudo pra fazer apenas cerveja, o pai confiou na decisão da cria e juntos eles começaram a cervejaria.


Independente das característica da cerveja que você bebe, o que realmente importa, são os históricos momentos que ela lhe proporciona. Faça uma verificação rápida e veja que no seu círculo de pessoas próximas, a grande maioria foram trazida pela cerveja.


Obrigado, cerveja!

sábado, 29 de dezembro de 2012

Review cerveja St. Feuillien

Boa noite, queridos.

Todo natal é a mesma coisa, excesso de comida, muito sono e amigo secreto. Contudo, desta vez algo foi diferente, pelo menos pra mim. Fui agraciado com um maravilhoso presente, um kit St. Feuillien. Meu amigo secreto, com quem compartilho boas preferências, tais como cerveja, bicicleta e boa comida , me presenteou com esse, ainda desconhecido por mim, kit.

Bom, apesar de não conhecer, tinha noção do que se tratava e fiquei muito empolgado, afinal, nessa vida miúda, quase medíocre que sustento, cerveja é no mínimo necessário.

Sem mais delongas,  vamos ao que interessa.
Esse é o kit com o qual fui agraciado.:


Os preparativos começaram cedo, como o calor aqui em Goiânia não é dos mais sutis, resolvi que essa delícia seria apreciada na sacada, portanto, a assepsia do ambiente foi providenciada e executada por mim. Depois de uma semana de turbulentas tempestades, a sacada estava, deveras suja, mas nada quem meus "muques" e o Ajax limpeza pesada não dessem jeito.

De sacada cheirosa e ânimos exaltados, coloquei as preciosas para gelar, sabendo que cervejas puro malte não devem ser apreciadas muito geladas, tentei mantê-las na faixa dos 4 graus.

Diante dos momentos que antecediam o sublime momento da prova, fui preparar um ligeiro tira-gosto. Como seria somente eu, fui caprichoso ao fatiar o salaminho a lá carpaccio, minha sofisticação repulsa salames cortados grossos, apesar de admirar, ser Viking não é minha praia. Aproveitei a exaltação do ego e cortei o queijo no melhor formato: tirinhas finas. Pronto, meu menu estava ok, sacada ok, só faltava um bom som, então, pra trilha sonora escolhi Stevie Ray Vaughan, um blues aguça, com certeza, o paladar de qualquer sujeito de bom gosto.

Tudo pronto, é hora de começar, escolhi a loura para abrir os trabalhos:


Maravilhosa, apesar de clara, a Blond é turva, deixou um espuma espessa na taça e muito suave, o gosto do malte é acentuado como em qualquer cerveja de qualidade e há um gosto frutado de laranja com um cheiro delicioso. Sem dúvida, a melhor cerveja pra tomar sozinho.

A próxima foi a Tripel.
Gostei mais da Blond, mas essa também é ótima, também tem um gosto de laranja no fundo, é turva e sua espuma também é espessa. Pra quem está acostumado a tomar nossa cerveja do dia a dia (Skol, Brahma, Antártica...) classificaria essa cerveja como amarga, mas não é. Apesar de parecer chulo, adorei arrotar o sabor dessa cerveja, é doce! Deus, salve a cerveja! O teor alcoólico é de 8,5 e eu já senti os efeitos do álcool.

A próxima: Bruin!
A foto com a garrafa deitada tem seus motivos, eu já estava ligeiramente tonto, o teor alcoólico da Blond é 7,5 e da Triple 8,5, a Bruin não fica pra trás: 8,5. Deliciosa! Se eu estivesse num jantar romântico, essa seria a bebida que eu gostaria de engolir apaixonado. Caramelada de cor marrom, espuma de cor bege e sabor doce, seria benquista por qualquer um. Não achei tão aromática quanto as outras, talvez pq meu paladar já estivesse contaminado com a bebedeira, contudo, a degustação foi incrível.
Foi bom enquanto durou, a volta a realidade é dura, enquanto vos escrevo tomo uma Itapipava geladíssima que depois das St. Feuillien, não é nada além de um picolé derretido de água suja.

Agradeço o amigo Bruno pelo maravilhoso presente e fico por aqui, apreciando a lua, tomando água suja e escutando Blues Like a Boss.


sexta-feira, 29 de abril de 2011

Esperança - O Alimento do fracassado


É angustiante ver pessoas vivendo em cima de suas esperanças, o sujeito é pobre, burro, semianalfabeto, fadado ao absoluto fracasso e alimenta uma incrível esperança de melhora, parece coisa de cinema.

O bom disso é que a esperança de um fracassado é seu próprio combustível, todos os dias ele acorda confiante que a vida vai melhorar, chega a cantarolar. Sexta então, é o dia da superação, todo mundo acorda planejando se tornar o Eike Batista. Mas esses planos são para segunda-feira, na sexta e sábado, o sujeito apenas planeja.

Na segunda o sujeito acorda com muita dificuldade, está exausto depois do fim de semana de exageros, regado a galinhada feita com banha de porco, cerveja barata, vinho Sinuelo, pão com mortadela e muito sorvete Changai (aliás, é incrível como pobre gosta de doce, quando mais pobre o sujeito, mais açúcar há na sua dieta). Mas vale lembrar que, apesar de pobre, sua obesidade transcende as medidas de suas roupas. Antigamente, ser gordo era sinal de riqueza, hoje em dia, graças a inclusão nutricional, qualquer pobre desenvolve sua própria obesidade.

Eu não sou tão diferente, a pobreza e obesidade estão comigo também, minhas segundas também são marcadas pela intoxicação alimentar graças aos exageros, mas tenho uma diferença: sou um sujeito ausente de esperanças. Não há esperança de melhora. O que é regular hoje, será para sempre. Não que eu seja pessimista, é a realidade. Se ontem havia algo que não ia bem e hoje está ruim, é fato que amanhã estará ainda pior.

Exemplo: o cara é pobre, tem muitos problemas financeiros, ao invés de parar de pagar prestações de carros e TVs de muitas polegadas e equilibrar sua diminuta vida financeira, ele decide ter filhos. É, um pipolho e duas meninas. É pra perpetuar a espécie e deixar herdeiros. HERDEIROS????? Os infelizes vão herdar o que? A habilidade nata dos pais de fazer (des) planejamento familiar? O incrível dom de comprar parcelado para gastar o que não tem? A irrefutável sabedoria adquirida assistindo aos domingos Gugu, Faustão, Eliane, Rodrigo Faro, Fantástico... ?

A condição financeira não é boa, mas eles - os pais - resolvem procriar assim mesmo e ainda anunciam: as coisas vão melhorar, é preciso meter as caras.

Pronto, está iniciada a receita do bolo do fracasso. Pais endividados, filhos burros, mal criados que se unem aos filhos burros dos outros pais fracassados e formam nossa belíssima sociedade putrefata.

Eu realmente não queria contribuir com isso, mas sou sujeito comum, acomodado e devidamente guiado pela moral, vou fazer o que a sociedade e a família esperam que eu faça.

Desacreditado de que tempos melhores virão, crio um pouco de conforto neste miolo de mediocridade que me cabe, bebendo nos mesmos bares, conversando o mesmo papo fiado com as mesmas pessoas, reclamando dos preços dos combustíveis e carnes... “pelejando” pra ser feliz com as ferramentas medíocres que a mim estão dispostas, já que o comodismo veta qualquer possibilidade de prosperar.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Agustiantemente Gordo

Você conhece um gordo que emagreceu? É provável que responda não, mas tenho absoluta certeza que você conhece um gordo que esteja fazendo regime. Na verdade, todos os gordos que você conhece estão sempre fazendo regime.

Por que diabos os gordos estão sempre fazendo regime e continuam gordos?

Faça essa pergunta a um gordo que de bate-pronto responderá: tenho tendência a engordar.

É fantástico, do ponto de vista de um gordo, o mundo inteiro conspira em prol da sua obesidade, tudo e todos tem sua culpa, mas nunca se culpa pelo próprio descontrole diante dos sabores.

Emagrecer é uma tarefa ingrata, especialmente no primeiro mês (se é que sua dieta vence sua fome diariamente por um período de um mês), você sofre por 30 dias, o mal humor anda de mãos dadas com o gordo desde a primeira hora de dieta até o dia da sua morte (se, é claro, a dieta durar até lá). Trinta dias passando fome e sede p/ perder incríveis 350g.
Vou tentar explicar: fazer dieta é como você trabalhar 65 anos sem descanso pra chegar no final da vida e comprar um pacote na CVC de 3 dias e 2 no Hot Park. Simplesmente não vale a pena, é ilógico.

O gordo precisa lidar com várias dificuldade e uma delas é administrar a pressão do mundo. Você liga a TV e numa ligeira circulada entre os canais, haverá pelo menos uns 2 programas tratando do assunto, no carro, sintonizado na CBN e de cada 4 matérias, 1 é sobre a obesidade ou exagero no consumo de alimentos ruins, nas festinhas de família todo mundo comenta seu sobrepeso, mas o pior de todos, é o espelho, esse é um carrasco vil! Te mostra sem rodeios o quão ridículo e asqueroso você e seu corpo está.

Gordo tem dobras na pele, sua como um porco dentro do forno, fede, tem falta de ar, perde partes do corpo como pescoço, tórax e abdômen... tudo vira uma grande barriga. É como uma batata com uma cabeça e 4 palitos deformados representando os membros. Toda essa realidade, só o vil espelho é capaz de te mostrar.

Gordo elegante? Essa é boa! HAHAHAHAHA! Por favor, seja sincero, você já viu um gordo elegante? Você pode ter visto um gordo sensato ao escolher sua vestimenta, mas ELEGANTE? Jamais! Elegância e obesidade são como Vila X Goiás, jamais estarão do mesmo lado.

Essa papo de “Ah, gordinho é fofinho, tem colo macio!” B A L E L A ! Alguém quer te agradar e diz isso pra que você não entre em depressão e se mate. Quem quer por a cabeça em algo macio compra um travesseiro de penas de ganso, não um gordo amanteigado de suor.

Entender isso é fácil. Se você gosta de mulheres, qual gostaria que fosse sua namorada/esposa/amante, a Carol Castro ou a Alcione? LoL!
Dou a bunda na praça cívica se vc preferir a Alcione.
I M P O S S Í V E L !
Você pode até argumentar que a Alcione é uma melhor campainha e blá blá blá... Mas lembre-se, pessoas agradáveis tem disponíveis em todos os tamanhos, você nunca escolherá uma XGG.


X


Se Você gosta de homens, qual gostaria que fosse seu namorado/marrido/amante, o Gianecchini ou Fabiano da dupla (Cézar Menotti e Fabiano) que provavelmente tem marcas de assaduras debaixo do braço e entre as pernas?

Ok!

Se você é gordo e sentiu todo sua inutilidade diante da sociedade e quer fazer algo para mudar, você tem duas opções::
1ª - Coma algo ruim e sem tempero apenas p/ te manter vivo 1 vez por dia e nunca faça em grande quantidade.
2ª - Se mate, pq de outro modo você jamais emagrecerá.

Dietas balanceadas comendo de tudo um pouco não funciona para gordos.
Faça o teste, compre iogurte, cereal, bolacha integral, queijo cottage... Na sua primeira refeição baterás no liquidificador 24 potinhos de iogurte c/ 2 bananas, meio abacate, 5 bolas de sorvete napolitano e um fio de mel. Para acompanhar comerás bolachas integrais caseiramente recheadas com chadder, molho barbecue, requeijão e maionese. Para a sobremesa comerás 1 kg de cereal com cobertura de chocolate para sorvete.

Esse é nosso jeito obeso de perecer.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Zé Dinamite, um sujeito explosivo.

Lá pelos idos de 1960, vários caixeiros viajantes circulavam através das rodovias do norte do Brasil levando mercadorias e fazendo negócios nos mais ermos e afastados lugares desta região e eu era um deles. As estradas eram péssimas, não havia asfalto e ponte era coisa de luxo, no máximo haviam pinguelas, quando não dispúnhamos das pinguelas, era necessário passar com o veículo dentro do rio.



Nessas andanças, conheci o Zezinho, um sujeito tímido que comercializava dinamites. Nesta época as estradas eram poucas, assim era comum encontrar os mesmo colegas viajantes em pensões. Quando íamos para um mesmo destino, deixávamos um carro na pensão e seguíamos juntos num carro só. Eu era comunicativo, não tinha dificuldades para me relacionar com ninguém, mas Zezinho era fechado, não sabia lidar muito bem com as pessoas e por isso sempre me convidava para seguir viagem com ele, desse modo eu o ajudava a comercializar suas dinamites nas praças.

Numa primeira vez, segui viagem com Zezinho. Lá fomos nós: eu, ele, a Kombi e 700kg de dinamite. Durante a viagem, Zezinho fumava sem parar, praticamente uma chaminé. O vento entrava pela janela, batia na brasa do cigarro e levava a cinza pro fundo da Kombi. Aflito por ver brasa e dinamite tão próximos perguntei:

- O Zé, você não tem medo de andar com esse mundo de Dinamite aí atrás?
- Olha Zé - disse meu amigo - se essa carga aí explodir, você pode ficar tranquilo, a gente não vai sentir nada! Nem uma dorzinha, aliás não sobrará nem um pedacinho de nós, ninguém vai nem ficar sabendo quem éramos nós.

Pensei um pouco sobre isso, concordei e acendi um cigarro. Fumando, seguimos nós três: eu, Zezinho e a Kombi.

Zezinho era meio impaciente, ele ficava indignado com as pontes mal feitas e em forma de protesto, sempre que passava por uma, deixava uma dinamite acesa. Era mais ou menos assim, eu descia e dava as orientações p/ que Zezinho passasse com a Kombi, assim que passávamos, Zezinho falava:

- Zé, essa ponte é uma porcaria, tinha que matar o sem vergonha que fez uma porcaria dessas. Zé, o que que você achou dessa ponte?

- Ó, essa ponte tá ruim. Isso aí a qualquer momento vai cair.

Então Zezinho me pedia para assumir a direção, eu engatava a primeira, ficava com o pé na embreagem e dava meio acelerador p/ a Kombi permanecer com o motor cheio, enquanto isso Zezinho ia até a ponte, colocava uma dinamite com um pavio comprido, acendia, voltava correndo e pulava na Kombi, no embalo da adrenalina eu soltava a embreagem e a Kombi saía levantando cascalho, pelo retrovisor eu assistia a ponte SUMIR. Impressionado com a pirotecnia, eu ficava pensando: como são divertidas e poderosas as dinamites.



Certa vez chegamos na travessia de um rio, não havia ponte e por conta de uma cheia todos os viajantes estavam parados esperando a água baixar. Já haviam 3 dias e nada do rio baixar, os viajantes com seus caminhões, Kombis, Rurais... estavam todos parados, alguns viajavam com a família e a comida começou a faltar, eram dezenas de pessoas. Diante da situação, Zezinho, um pirotécnico de bom coração, não hesitou, convocou todos p/ que entrassem na parte rasa do rio e aguardassem o estouro. Zezinho subiu até a curva do rio, armou uma dinamite com algumas pedras, colocou um pavio bem comprido, acendeu e correu. Quando aquilo estourou veio aquela onda, era peixe pra todo lado, o pessoal tirou quilos e quilos de peixes da água, os que não estavam mortos, estavam “bêbados” com o estouro. Foi aquela festa, teve gente que pegou tantos peixes que salgou e armazenou pra levar. O vendedor de Uísque ficou eufórico e tirou uma caixa do destilado para celebrar aquele momento. Zezinho mais uma vez levou uma explosão de alegria onde havia angústia.




Naquela época era cada um por si e Deus por todos, haviam muitos assaltos, índios, onças... as vezes companheiros de viagem sumiam e ninguém ficava sabendo, assim sendo ninguém viajava sem um revólver 38. Um revólver era tão importante para um viajante quando um martelo para o marceneiro. Zezinho não gostava de inatividade e as vezes, quando parávamos para descansar ou fazer algum reparo na Kombi que insistia em desmontar ao longo das viagens, para quebrar o gelo, colocava uma banana de dinamite ao longe e de cá, eu sacava o 38 e dava um tiro certeiro na dinamite e a pirotecnia estava lançada, aquilo brilhava nos meus olhos e Zezinho rejuvenescia a cada explosão, parecíamos meninos em dia de São João.

Tanto Zé Dinamite como quem o conhecia só tinham uma certeza na vida: que mais cedo ou mais tarde iria morrer com suas dinamites, era uma questão de tempo. O destino não demorou e certa vez, num trevo da Rodovia Belém-Brasília, Zezinho bateu na traseira de um caminhão que transportava óleo cru, a Kombi de Zezinho estava lotada de dinamite e Zezinho morreu exatamente como me havia descrito, sem nem mesmo sentir dor, ele e a Kombi simplesmente desapareceram, foram pulverizados. A família de Zezinho nunca conseguiu um atestado de óbito porque nunca encontram um só pedaço do seu corpo ou de qualquer pertence para provar que estaria morto.



Quem dera todos nós tivéssemos a sorte de morrer como Zé Dinamite, pirotécnicamente.

por Zé Berimbau.